Nossa História
A Associação de Professores da PUC Goiás (Apuc) nasce, no dia 06 de dezembro de 1977, no momento de resistência à ditadura militar e luta pela democracia no Brasil. Aquela década era de recrudescimento da violência dos militares contra professores/as, funcionários/as e estudantes que faziam combativa oposição ao regime militar no ambiente universitário. Eram os/as que ousavam a desafiar o autoritarismo e o cerceamento de liberdade de expressão imposto pelo governo ditatorial, participando ativamente na formação intelectual, política e econômica do País.
Desde março de março de 1977, intensificava-se as passeatas estudantis nas ruas do País. No dia 3 de maio, a segunda grande passeata aglutinava cinco mil acadêmicos/as da PUC-SP na capital paulista e dava origem ao Comitê Primeiro de Maio pela Anistia. A partir dessa data, ocorrem mais oito mobilizações, com milhares de estudantes, até o campus da PUC-SP ser invadido pela polícia, em 22 de setembro de 1977 , durante ato público da PUC-SP que pretendia comemorar a realização secreta do III Encontro Nacional dos Estudantes (III ENE), no qual discutia-se a recriação da União Nacional dos Estudantes (UNE). Duas mil pessoas foram presas e cinco gravemente feridas durante a invasão.
Nesse cenário de enfrentamento, ocorre a primeira assembleia de docentes da então Universidade Católica de Goiás (UCG) – marco de surgimento da Apuc – na qual constituiu-se uma diretoria provisória com mandato até 29 de abril de 1978.
Em 16 de março de 1978, é publicado no Diário Oficial do Estado de Goiás o Estatuto da Associação aprovado na assembleia de fundação. O mandato da diretoria provisória, que tem o professor Ivo Mauri na presidência da Apuc, é prorrogado em assembleia realizada em 29 de abril de 1978.
No mesmo ano, em 9 de maio, a Apuc traz o economista Paul Singer para proferir conferência sobre Economia Política do Trabalho. No mês de setembro, lança o Informativo Atuação e passa a integrar o Comitê Goiano pela Anistia. No mês de novembro, em conjunto com o Centro de Estudos de Artes e Arquitetura, promove debate sobre realidade brasileira com Darcy Ribeiro, Oscar Niemeyer, D. Tomás Balduíno e Frei Mateus Rocha.
De 15 a 18 de fevereiro de 1979, a Apuc participa, em São Paulo (SP), do I Encontro Nacional de Associações e Docentes Universitários que deu origem à ANDES – Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior. Em junho, a Apuc aprova sua Carta de Princípios, quando a sociedade brasileira clama pela anistia ampla, geral e irrestrita.
Em agosto do mesmo ano, o arrocho salarial no período de aceleração inflacionária, a situação instável dos/as docentes, as atitudes de intolerância por parte da Administração Superior da UCG e a necessidade de democratização da Universidade, constituem cenário para realização da Greve Geral cujo estopim foi a demissão da Equipe de Sociologia do Primeiro Ciclo de Estudos Gerais da UCG. A greve termina após Dom Fernando assumir o compromisso de readmitir a equipe no mês seguinte, quanto o então Reitor, Pe Vaz, terminaria o seu mandato.
Em 1980, realizam-se as primeiras eleições da Apuc. Duas chapas concorrem ao pleito – União e Atuação, sendo eleita a primeira, encabeçada pelo professor Fause Gonçalves. De 10 a 12 de setembro do mesmo ano, os/as docentes da UCG e da UFG ficam em greve por mais verbas para a educação. No mês de novembro, as Universidades deflagram movimento de paralisação nacional contra a política do Governo em relação à carreira do magistério, mais verbas para a educação e democratização das Instituições de Ensino Superior. A Apuc realiza debate sobre a “Situação Econômica da Universidade Católica de Goiás e a Política Educacional”.
No ano seguinte, em 1981, os/as docentes paralisam suas atividades para refletirem a cerca da situação da UCG perante a greve dos/as estudantes. A Apuc apóia a greve estudantil e, nesse processo, elabora minuta para realização do I Congresso da Universidade Católica de Goiás com o objetivo de conhecer a realidade da UCG, sua política administrativa, as condições de ensino, trabalho e o ensino pago.
Em 1982, os/as docente das UCG se solidarizam e aderem à greve dos/as professores/as da rede estadual, paralisando as atividades a partir de 05 de maio de 1982. É eleita a chapa “Pés na Terra”, encabeçada pelo professor Goiás do Araguaia Leite Vieira, para dirigir a entidade. Apuc e Sinpro Goiás promovem, conjuntamente, o I Encontro Estadual de Professores que possui como pauta os temas “Educação e Liberdade”; “Educação Popular, Formação e Liberdade”.
No dia 12 de abril de 1983, a Apuc realiza um ato inesquecível, no antigo Ginásio de Esportes da UCG, para homenagear o então senador Teotônio Vilela. Durante o evento, é lançado o movimento das Diretas Já, que constitui um marco de mobilização da sociedade brasileira no processo de redemocratização do País.
No mesmo ano, em 13 de maio de 1983, a Apuc e o Sinpro Goiás firmam com a Reitoria da UCG o Acordo Coletivo de Trabalho – uma conquista que é fruto das lutas categoria e que constitui um referencial para os/as docentes das Instituições de Ensino Superior até os dias atuais. Ao mesmo tempo, um estudo de Plano de Carreira Docente é iniciado pela Apuc. De 2 a 4 de setembro, a associação participa, em São Paulo (SP), do I Seminário Nacional ANDES/UNE/Fasubra.
No ano seguinte, o professor José Maria Baldino assume a presidência da Apuc e em agosto, o Conselho de representantes da entidade elabora uma proposta de Estatuto da Carreira Docente para subsidiar o processo negocial com a Reitoria.
Em 1985, ao assinar o Acordo Coletivo firmado em 1º de Maio, a UCG compromete-se a aprovar o Estatuto da Carreira Docente e afirma que iniciará o processo de enquadramento dos/as professores/as no mesmo ano. Em maio, a Apuc juntamente com a ASC e o DCE posicionam-se em documento enviado à Sociedade Goiana de Cultura (SCG) a respeito do processo de sucessão do Reitor da UCG reivindicando que o processo seja mais amplo e democrático. No mês de outubro, a Reitoria encaminha à Apuc uma cópia do Estatuto da Carreira Docente aprovado pelo C.O.U. – conquista fundamental para os/as docentes da instituição.
Memórias
Em comemoração aos 40 anos da Apuc, a Gestão Quem Sabe Faz a Hora, Não Espera Acontecer inicia o “Projeto Memórias”, uma proposta ambiciosa para preencher a lacuna do registro histórico da entidade das últimas décadas com resgate de sua memória social e sua interconexão com a história da PUC Goiás, considerando os vários posicionamentos da Igreja Católica e o contexto socioeconômico, cultural e político de Goiás, do Brasil e do mundo, relativos às conquistas e às perdas de direitos dos/as professores/as da Universidade. As memórias, em pleno desenvolvimento, pretendem deixar viva, na lembrança da comunidade da PUC Goiás, a relevância da Associação de Professores no processo de construção do conhecimento, dos direitos dos/as trabalhadores/as em educação e de sua representatividade na sociedade goiana, permitindo a reflexão sobre a condição profissional dos/as docentes da PUC Goiás, possibilitando projetarem-se além do presente e constituírem-se enquanto sujeito do processo educacional.