O corpo de Dom Tomás está sendo velado na Paróquia São Judas Tadeu (S. Coimbra) e nesse domingo seguiu para a cidade de Goiás, onde será sepultado nesta segunda-feira (05/05)
É com profundo pesar e tristeza que comunicamos o falecimento de Dom Tomás Balduíno, às 23h30 dessa sexta-feira (02/05), no Hospital Neurológico de Goiânia, vítima de embolia pulmonar. No mês passado, ele esteve internado do dia 14 a 24 de abril no hospital Anis Rassi. Chegou a ter alta hospitalar e, no dia seguinte, foi novamente internado no Hospital Neurológico. Bispo-emérito da Diocese de Goiás (GO), fundador da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e doutor honoris causa pela PUC Goiás desde 2006, Dom Tomás deixa um legado de mais de 70 anos dedicados à justiça social, à democracia, à luta pela paz no campo,ao povo goiano e à Igreja Católica. Aos 91 anos, o frade dominicano encontrava-se em tratamento de complicações cardíacas e de um câncer. Leia aqui a nota de pesar da presidenta da República, Dilma Rousseff
O corpo do bispo já está sendo velado neste sábado (03/05), na Paróquia São Judas Tadeus (Rua 242, nº 100, Setor Coimbra, em Goiânia) e, no domingo, às 10 horas, segue para a cidade de Goiás, onde será velado durante todo o dia e sepultado na segunda-feira (05/05), por volta de 9 horas, na catedral da cidade.
"Dom Tomás ultrapassou todas as barreiras para defender a vida, a democracia, a justiça social, a paz e as minorias. A atuação dele foi fundamental no processo de redemocratização do País, quando foi também perseguido pelo governo militar e por latifundiários. É um grande exemplo que nos deixa, como professores/as da PUC Goiás, ensinamentos para prosseguir com a missão pedagógica de construir um mundo melhor, menos desigual e solidário, seja na nossa atuação em sala de aula ou em nossa luta por uma Universidade com democracia e liberdade de expressão", declara o presidente da Apuc, professor Orlando Lisita Júnior.
Em 2006, recebeu o título doutor honoris causa da PUC Goiás, em sessão solene e com homenagens por toda a Universidade. Dom Tomás foi o sétimo a receber o título na instituição. Na ocasião, dom Washington Cruz destacou que Dom Tomás Balduíno "era doutor horonis causa em humanidade", e que a mais nobre causa pela qual era reconhecido pela Universidade como merecedor do título e grau acadêmico "era a força mais profunda, o amor".
Dom Tomás Balduíno era um exemplo de luta para os/as professores/as da PUC Goiás em defesa da justiça social, da democracia com reconhecimento aos direitos de todas as pessoas; pela participação na construção de uma sociedade cada vez mais justa, solidária e menos desigual; e pelos povos indígenas e também a rica diversidade dos camponeses.
Biografia
Dom Tomás Balduíno nasceu em Posse (GO), em 31 de dezembro de 1922. Seu nome de batismo era Paulo Balduino de Sousa Décio. Foi o último filho homem de uma família de onze filhos, três homens e oito mulheres. Cursou Filosofia em São Paulo, logo após foi ordenado e Teologia em Saint Maximin (França), onde concluiu o Mestrado. Foi ordenado presbítero em 1948 e ao se tornar religioso dominicano recebeu o nome de Frei Tomás.
Em 1957, foi nomeado superior da missão dominicana da Prelazia de Conceição do Araguaia, no Pará. Em 1965, concluiu o Mestrado em Antropologia e Linguística na Universidade de Brasília (UnB). No mesmo ano, foi nomeado administrador apostólico da Prelazia de Conceição do Araguaia. Para melhor atender a enorme região da Prelazia que abrangia todo o Vale do Araguaia paraense e parte do baixo Araguaia mato-grossense, fez o curso de piloto de aviação. Amigos/as solidários/as da Itália o presentearam com um avião teco-teco, com o qual prestou inestimável trabalho de apoio e articulação dos povos indígenas; bem como ajudou a salvar muitas pessoas perseguidas pela Ditadura Militar no Brasil.
Durante seus anos de luta em defesa dos povos indígenas e dos territórios, o religioso enfrentou muitos conflitos e violências contra trabalhadores/as e indígenas e criticou governos que ignoraram a questão agrária e abriram as terras ao investimento estrangeiro. Por sua atuação firme e corajosa recebeu diversas condecorações e homenagens no Brasil e no exterior.
De 1967 a 1999, foi bispo da Diocese de Goiás. Em 1972, participou da criação do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), do qual foi presidente de 1975 a 1979. Em 1975, participou também da criação da Comissão Pastoral da Terra (CPT), que presidiu de 1997 a 2003 e da qual, desde 2005, onde era conselheiro permanente. Foi designado, em 2003, membro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, CDES, do Governo Federal, cargo que deixou por considerar que pouco contribuía para as mudanças almejadas pela nação brasileira. Foi também nomeado membro do Conselho Nacional de Educação. Dom Tomás era ainda doutor honoris causa pela Universidade Federal de Goiás (UFG).
Fonte: Assessoria de Comunicação da Apuc com informações da CPT Nacional, da Divisão de Comunicação Social da PUC Goiás, da Agência Adital e do CIMI
Foto: CPT Nacional
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