Associação de Professores
da PUC Goiás
apuc 40 anos 3

Sobre a visibilidade (des)silenciada do crime de assédio e violência vivenciado no seio da escola que ensina as leis, problematiza a sua efetividade e não menos no interior  das aulas de direito constitucional

A Apuc, por intermédio de sua Diretoria, posicionou-se imediatamente, de forma firme, solidária -  jamais poderia se calar diante do mal-estar docente vivenciado por uma Professora em decorrência de sucessivas e permanentes ameaças e atitudes de violência  praticadas por um universitário, em sua maioria atos praticados em sala de aula aos olhos de todos/as os/as alunos/as.

Registramos de imediato, por força moral, que as versões institucionais apresentadas à mídia e à comunidade universitária só apareceram depois do fato ser comunicado ao diretor do departamento, em que pese ter sido anteriormente denunciado à coordenação pedagógica e ao coordenador do curso, que silenciaram. Basta de tentativas de criar versões que distorcem os fatos, ora alargando os limites do ocorrido, ora individualizando, ignorando inclusive relatos de ocorrência de comportamentos atípicos presenciados por professores/as e não tomando nenhuma atitude para  a orientação didático-psico-social  do aluno.

Chegado ao extremo da absoluta falta de atenção às ocorrências (não acreditamos ser necessário tipificá-las consideradas de domínio cotidiano naquele espaço acadêmico), de repente emerge o discurso da revelação guardada a sete chaves: a condição especial de aluno  possuidor de uma certa “patologia”, mal explicada e pouco definida . Esta condição, apesar de várias ocorrências anteriores, somente agora é revelada e ganha relevância com uma clara tentativa política de proteção apenas do aluno,  diante dos fatos cometidos de crime de assédio que, denunciados, precisam ser apurados e responsabilizados. 

O universitário praticante dos atos de assédio é enaltecido e transfigura-se magicamente em vítima de bullying, de discriminação, e que sendo especial merece cuidados, acolhimento e proteção. Mas e os/as Professores/as e seus/suas colegas de sala, o que merecem? 

Manifestamos nosso maior respeito à todas as políticas de inclusão cultural e social  e seus/suas protagonistas em todos os espaços sociais em especiais os educativos, educando para a diversidade e construindo alteridades. Sem sombra de dúvidas, estes novos sujeitos educativos precisam de cuidados, mas as suas condições reais não podem ser silenciadas e os/as professores/as precisam ser orientados/as pelos/as profissionais que coordenam as inclusões como, por  exemplo, o acompanhamento psíquico-pedagógico que é feito com os/as universitários/as surdos/as-mudos/as  e seus/suas intérpretes em sala de aula.

Outrossim, quando do ingresso na PUC Goiás destes novos sujeitos educativos interrogamos de quem, em que condições e com quais limites devem ser desenvolvidos a proteção, os cuidados e as atitudes por parte da Universidade? Em se tratando de patologias que requerem mais cuidados, inclusive acompanhamento médico que extrapolam o trabalho docente, perguntamos: diante de atitudes agressivas manifestadas em sala de aula, quais os limites dos cuidados e da tolerância por parte dos/as docentes?

Entendemos que o que está ocorrendo no curso de Direito não pode ser subestimado e nem mesmo ignorado. As versões não podem pretender a inversão da ordem  e nem mesmo a natureza dos fatos. É equivocado tentar ignorar institucionalmente que a vítima do crime não é o universitário agressor (independente de seu enquadramento patológico ), mas a Professora  que tentou, em vão, interpretar que as atitudes e as agressões cometidas pelo universitário não eram de natureza de assédio e violência, optando  pelos  cuidados, mesmo que jamais tenha sido orientada quanto aos problemas dele. As últimas atitudes não lhe deixaram dúvidas.

Pela segunda vez e de público, manifestamos nossa irrestrita solidariedade à Professora vítima de assédio e violência - considerados crimes, portanto, passíveis de responsabilização.  Aos/as Professores/as da PUC Goiás um alerta e uma vigilância vigorosa de combate e denúncia a todas as formas e sentidos criminosos de assédio, de qualquer ordem, sobre Professores/as.

Fonte: Apuc

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