Associação de Professores
da PUC Goiás
apuc 40 anos 3

Trazer um olhar antropológico para as questões relacionadas à cultura alimentar. Este foi o objetivo da Roda de Conversa desenvolvida, na sexta-feira (22/03), pelo Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia (IGPA) da PUC Goiás, no Auditório Profa. Mariza Roriz, da Área 3 da instituição. No evento, os professores doutores Klaas Woortmann e Ellen Woortmann, ambos da Universidade de Brasília (UnB), levantaram importantes questões e esclarecimentos aos alunos dos cursos de Gastronomia, Nutrição, Arqueologia e Antropologia que participaram da discussão. Os presentes ainda assistiram ao documentário Hábitos e Cultura Alimentar dos Tapuios do Carretão, resultado do trabalho conjunto entre a PUC Goiás e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg).

De acordo com a profa. do IGPA e antropóloga, Marlene Moura, o encontro faz parte de uma iniciativa do Núcleo de Antropologia do instituto. “É um tema que integra uma linha de pesquisa do IGPA. E é um contexto novo. Agora a cultura alimentar tem uma autonomia de pesquisa”, afirma. Apesar da recente autonomia, a profa. dra. Ellen Woortmann lembrou que a comida é uma área que tem sido trabalhada pela antropologia desde o começo. Para ela, o que mudou foi o enfoque. “Houve épocas em que a comida era um complemento, que fazia parte, que tinha que estar junto também de uma análise maior de um grupo que estivesse sendo analisado. No entanto, eu diria, depois da 2ª Guerra Mundial, começa, na antropologia, a comida a ter mais força, a ter uma presença maior nas pesquisas. No Brasil, eu poderia dizer que nós começamos pelos fundos: pelos processos produtivos”, afirma.

Em sua fala, o professor Klaas Woortmann destacou a importância de estudos relacionados aos hábitos alimentares. “Nós temos portas de entrada para tentarmos entender a sociedade. Uma dessas portas é a comida. A comida fala de identidades, de identidades contrastivas”, lembra. Segundo o professor, a cultura alimentar mostra as diferenças entre países e regiões. O que comem no norte do Brasil pode causar estranhamento no Sul do país, por exemplo. Outro ponto levantado pelo professor é o fato da comida estar diretamente relacionada ao relacionamento social. “A comida alimenta relações sociais. Nós convidamos as pessoas para jantar. Nos reunimos etc.”, ressalta.

Comida x alimento

Um ponto inicial levantado pelos professores foi a diferença entre os conceitos de comida e alimento. “Eu prefiro falar mais em comida que em alimento, porque alimento pertence ao domínio da natureza e a comida ao domínio da cultura”, afirmou o professor Klaas em sua fala. O professor ainda lembrou que o que é “comível” é definido pela cultura (comer carne de determinados animais pode parecer estranho em um lugar e em outro não, por exemplo) e o que é “comestível” é definido pela natureza (o que pode servir de alimento sem trazer risco ao ser humano).

 

Fonte: Museu Jesco Puttkamer


BUSCA