A Associação dos Professores da PUC Goiás (Apuc) cobra retorno das aulas presenciais na universidade depois que a vacina contra covid-19 estiver disponível. Em nota, a associação destaca que, com a decisão unilateral, a instituição contraria o posicionamento adotado pela Pastoral da Educação e da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Sociotransformadora do Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
A entidade questiona o lema da universidade: “Conhecimento a Serviço da Vida” diante de convocar o retorno de 30% da comunidade universitária sem ouvir as partes e sem mesmo a vacina contra o novo coronavírus estar disponível.
O documento reforça que a instituição demonstra “pouco se importar” com as milhares de vidas perdidas, graves sequelas deixadas pela doença na sociedade por insistir na volta às aulas sem que uma solução para a pandemia seja encontrada pela ciência. “Retomando a presencialidade em áreas da saúde, impõe aos professores e professoras a assinatura de um documento para que eles/as assumam a responsabilidade em caso de intercorrências na saúde”, pontua a nota.
Vale relembrar que outras Pontifícias Universidades Católicas espalhadas pelo Brasil estão se posicionando de maneira contrária à instituição goiana. Um exemplo é a PUC Campinas, cuja a reitoria dialoga com a comunidade acadêmica para o retorno das aulas presenciais apenas no ano que vem. Neste ano, o semestre termina de maneira remota. O mesmo foi adotado nas PUCs de Minas Gerais e Rio de Janeiro.
De acordo com os docentes, há outras preocupações em relação ao posicionamento da universidade: “como será feita a transmissão das vídeo-aulas para os outros 70% dos alunos, sendo que nem todas as áreas da universidade tem sinal de internet? Os alunos da modalidade presencial contarão com o recurso do passe-livre estudantil? E os estudantes que pagavam aluguel na cidade e retornaram para a sua cidade de origem por fatores como perda de emprego retornarão para as aulas presenciais?”, questionam.
A associação ressalta que as questões acima mencionadas devem ser consideradas para tomada de decisão, uma vez que a retomada na pandemia pode gerar reflexos que atingem docentes, estudantes e funcionários. “Por isso, se faz necessário o apoio da sociedade para que as aulas só retornem com uma vacina já em circulação contra o vírus. Além do cumprimento de rígido protocolo de biossegurança para garantir a vida de toda a comunidade universitária”, completa a nota.
Veja a íntegra do documento:
“Como colocar o conhecimento à serviço da vida, quando a Administração da PUC Goiás convoca o retorno às aulas presenciais na instituição, sem qualquer discussão prévia com a comunidade universitária antes mesmo que a vacina contra o novo coronavírus
(SARS-CoV-2) esteja disponível?
A Administração Superior da PUC Goiás ao propor a retomada presencial das aulas contraria o posicionamento adotado pela Pastoral da Educação e da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Sociotransformadora do Regional Sul 1 da CNBB que posiciona-se contra o retorno às aulas presenciais.
Também demonstra pouco se importar com as milhares de vidas perdidas, as graves sequelas deixadas por esta doença e com as consequências da volta às aulas presenciais sem a vacina contra o novo coronavírus, quando: já retomando a presencialidade em áreas da saúde, impõe aos/às professores/as a assinatura de um documento para que eles/as assumam a responsabilidade em caso de intercorrências na saúde.
COMO TEM SE COMPORTADO OUTRAS PUCs?
Na PUC Campinas, a Reitoria está em permanente diálogo com a Apropucc construindo uma agenda positiva de discussões sobre o semestre letivo na pandemia e o retorno das aulas presenciais está previsto para 2021.
O mesmo ocorre na PUC RS que, diante da instabilidade nos indicadores da COVID-19, decidiu manter as aulas na modalidade on line até o final deste semestre. Na PUC Minas, não há previsão de retorno às aulas presenciais nos campi de Belo
Horizonte. Diante das incertezas e limitações para o desenvolvimento de atividades presenciais, a PUC-Rio, com base na prerrogativa concedida pela Portaria 544 do Ministério da Educação, de 16 de junho de 2020, permanecerá com o ensino on line na
graduação e pós-graduação durante todo este segundo semestre de 2020.
No caso da PUC Goiás, também existem outras preocupações: como a aula ministrada para 30% dos/as alunos/as presencialmente será transmitida para o restante – 70% da turma, se a internet não está disponvível em todas as Áreas da Universidade? Os/as estudantes terão passe escolar neste período? E aqueles/as que retornaram para suas cidades de origem e desmontaram a estrutura de moradia em Goiânia retornarão somente para as aulas presenciais já no final de 2020?
PEDIMOS O APOIO DA COMUNIDADE GOIANIENSE. RETORNO APENAS APÓS A DISPONIBILIZAÇÃO DA VACINA CONTRA A COVID-19 E COM PROTOCOLO DE BIOSSEGURANÇA NEGOCIADO PARA GARANTIR A VIDA DE TODA A COMUNIDADE UNIVERSITÁRIA”.
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