A PUC Goiás, criada como a Universidade de Goiás – uma instituição que pudesse influenciar na organização da sociedade e do espaço do Centro-Oeste brasileiro - foi vanguarda em diversas áreas da produção do conhecimento e também no processo de resistência e luta contra o regime militar no País. O movimento pelas Diretas Já foi lançado pelo então senador Teotônio Vilela, em 12/04/1983, no antigo ginásio da Universidade Católica de Goiás – espaço de valor histórico imensurável demolido pelaatual gestão da Universidade em 2005, do qual resta apenas a fachada.
De instituição democrática, desde o início da atual gestão, na PUC Goiás alunos/as, funcionários/as e professores/as vivenciam a falta de democracia interna e a conduta autoritária adotada pela atual Administração Superior nos últimos 13 anos na contramão da tradição da Universidade no ensino, do respeito à qualidade do corpo docente, da liberdade de expressão e da sua própria história desde a sua fundação em 1959.
A deterioração das condições de trabalho na PUC GOIÁS resulta da opção da atual administração por um modelo mercantilista de gerenciamento de Universidade, no qual a estrutura acadêmica passou a ser regida pela lógica do lucro, desconsiderando as funções basilares da instituição que consistem na formação de profissionais capazes de atuar como protagonistas na transformação histórica-social; na produção do conhecimento para colocá-lo essencialmente a serviço da vida; e no desenvolvimento de um projeto políticopedagógico que contribua para o desenvolvimento da ciência e da tecnologia.
Entre os muros de vidro da PUC Goiás, a Educação Superior, reconhecida pela Constituição Federal como o primeiro direito social fundamental, é tratada como uma mercadoria qualquer – política administrativa que, além da deterioração das condições de trabalho, promove queda na qualidade do ensino, da pesquisa e da extensão. Um exemplo disso, é a ausência de investimentos na própria formação do seu quadro docente. Não há bolsas para professores/as realizarem pós-graduação na própria instituição e, quando, por um investimento pessoal, os/as docentes se sacrificam pelo aprimoramento profissional, há empecilhos para conseguir licenças... Sem falar, nas promoções e reclassificações posteriores previstas no Acordo Coletivo de Trabalho que não acontecem.
A irradiação do medo – construído e utilizado como forte instrumento de controle e assédio moral - é a principal arma para desarticular professores/as, alunos/as e funcionários/as, impondo um descontentamento silencioso e incentivando a competição interna. Uma maneira de gestão perversa que se caracteriza pela ausência de diálogo, imposição de excesso de trabalho não pago e falta de transparência dentro do ambiente de trabalho. Com este artifício, a atual Direção da PUC Goiás está mergulhando a Universidade em trevas profundas: terceirização de serviços, demissões e isolamento dos/as que esboçam críticas, são alguns dos sintomas do forte autoritarismo implantado.
Corroboram essas assertivas a sistemática recusa da PUC de cumprir a inarredável obrigação de toda empresa de, sempre que solicitada, estabelecer negociações coletivas, com os sindicatos profissionais, com vistas à melhoria das condições de trabalho dos/as integrantes das categorias que representam. Há dois anos, a PUC, além de se recusar terminantemente a sentar-se à mesa de negociação, com o Sinpro e a Apuc, renega o acordo coletivo, com ela, celebrado, desde o final da década de 1970, ao falacioso argumento de que ele não vige mais.
A perversidade aplicada no assédio moral chega a atingir até mesmo professores/as que são alunos/as na Pós-Graduação da PUC Goiás. Neste início de semestre, ocorreram várias demissões imotivadas, inclusive de professores/as que custeavam sua própria formação no Mestrado da Universidade. A Apuc e O Sinpro Goiás atuam com firmeza na defesa desses professores/as para que fatos assim e outros episódios de assédio moral não se repitam mais.
O momento exige de nós união e mobilização para reverter o processo contínuo de precarização das condições de trabalho e proletarização docente que vem sendo imposto pela Reitoria. As demissões arbitrárias de professores/as, neste início de semestre, revelam uma das faces mais perversas desta proletarização. Pouco tempo depois terem sido efetivados/as na instituição com um frágil contrato de trabalho e após lecionarem durante vários anos como convidados/as, esses professores/as foram demitidos/as no início do semestre letivo, que inviabiliza a possibilidade de trabalho em outras instituições, na volta às aulas e de maneira sorrateira, sem que lhes fosse dado o direito de ampla defesa. Aos/às professores/as demitidos/as foi negado o direito à informação – ter acesso ao processo administrativo; o direito de manifestarem-se e direito à possibilidade de terem suas razões consideradas.
Como se não bastasse, quase que simultaneamente, um dos principais pesquisadores da Universidade e referência no conhecimento sobre o bioma Cerrado – o professor Altair Sales Barbosa - é pressionado pela cúpula da instituição a ingressar no Programa de Demissão Voluntária, causando indignação na comunidade acadêmica e em ambientalistas, dentro e fora de Goiás. O episódio ocorreu na véspera da Jornada da Cidadania, realizada pela PUC Goiás no Centro de Convenções, construído no campus II da Universidade, onde localiza-se o Memorial do Cerrado – espaço de preservação pioneiro no País idealizado pelo pesquisador.
Como reconduzir a PUC Goiás à missão de promover a integração entre a produção de conhecimento e sua aplicação para o desenvolvimento regional e global; facilitando a relação entre pesquisadores/as, entidades públicas e privadas, contribuindo para a excelência do ensino, da pesquisa e da extensão? Onde está a Pontifícia Universidade Católica de Goiás, instituição pioneira na democratização do acesso à Educação Superior em Goiás com compromisso social, inovação e qualidade de ensino? Será que o compromisso social permanente foi reduzido aos três dias de jornada da cidadania?
Faz-se necessário que a Sociedade Goiana de Cultura, mantenedora da PUC, retome a sua missão social, o que implica a desautorização do processo de mercantilização da instituição e a sua volta à condição de promotora do conhecimento e da construção da cidadania; condição esta propositadamente desprezada nos últimos 13 anos.
O desafio está na ordem do dia e nos convoca a lutar para reverter os descaminhos promovidos nesses 13 anos para que eles não sobreponham os 56 anos de história da PUC Goiás. Juntos/as, lutemos para que a solidez da imagem da instituição, construída cotidianamente nas salas de aula e em todos os/as espaços democráticos da Universidade, não evaporem em peças de marketing que desconsideram a essência e o valor de se colocar o conhecimento a serviço da vida em toda a sua dimensão.
Movimento Pró-Qualificação e Democratização da PUC Goiás
Sinpro Goiás Apuc