Em entrevista concedida à Apuc e ao Jornal Opção, o professor Altair Sales Barbosa afirma que a PUC Goiás perdeu a oportunidade de ser vanguarda na área ambiental e que, nesse sentido, ele acredita que a instituição caminha na contramão da história. “Vamos continuar a pesquisa em outras instituições e outros projetos pelo CNPQ. O que me causa sentimento - gostamos muito da Universidade Católica de Goiás – é que ela poderia, agora, com a encíclica do papa, sair à frente das outras Universidades na bandeira de luta a favor do meio ambiente e do cerrado, propondo um novo tipo e estilo de vida para toda a humanidade. E que começasse aqui, com experiências locais, atingindo depois espaços geográficos maiores”, afirma o pesquisador que foi pressionado a aderir ao Plano de Demissão Voluntária da PUC Goiás.
Segundo ele, na medida em que a Administração Superior da Universidade começa a priorizar outros temas, outras áreas e, inclusive, vaidades pessoais em detrimento da pesquisa e “começa a usar a pesquisa como mercadoria de troca e não incentivar os verdadeiros cientistas, a instituição perde muito”. Altair Sales ressalta que a PUC Goiás foi criada para ser uma Universidade que pudesse influenciar na organização do espaço Centro-Oeste Brasileiro e, nesse sentido, ressalta, a cada dia que passa ela deixa de cumprir essa missão.
Precarização das condições de trabalho
“Investimento em pesquisas praticamente nunca houve, mas compreendemos que isso é muito difícil em uma Universidade particular. Geralmente, professores/as pesquisadores/as, como é o nosso caso, buscamos trabalhar com recursos oriundos de fomento - CNPQ, Finep, Fapeg e etc. Mas uma vez que a Universidade não investe na pesquisa, ela perde muito também porque o aluno vai para a instituição em busca da pesquisa. A Universidade foi criada para ser a casa da sabedoria e a casa da produção científica. Se ela não oferece isso, o/a aluno/a vai buscar outro local”, analisa o pesquisador.
Altair Sales ressalta que as pesquisas desenvolvidas pelos institutos proporcionam marketing indireto para a Universidade. Como exemplo, ele cita o Memorial do Cerrado. “Quantos alunos/as passam por ali por dia? Milhares de alunos/as e desses alunos, muitos ficam com aquela marca que influencia no momento de decidir pela PUC Goiás.
De acordo com ele, no momento atual há um desvalorização tanto do pesquisador quanto do professor na PUC Goiás. “A cada dia que se passa se cria mais burocracia e o/a professor/a tem que seguir planos de aulas rígidos, sendo que quem trabalha com a educação sabe que a aula precisa ser moldada de acordo com a necessidade de cada aluno/a, de
cada classe, de cada grupo de alunos/as. Às vezes, um tema desperta o interesse e o/a aluno/a quer aprofundar naquele tema, mas os planos são tão rígidos que não deixam. Você tem que terminar aquilo em tantos minutos e não pode aprofundar os temas”, completa.
Ausência de diálogo e democracia interna
Em relação à construção do Centro de Convenções da PUC Goiás no Campus II, o professor Altair Sales considera que se trata de uma obra importante como fonte de renda para a Universidade se ele for bem administrado. Entretanto, segundo ele, não houve diálogo e não há diálogo sobre a organização do espaço do Campus II, onde está sediado o Memorial do Cerrado.
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Fonte: Assessoria de Comunicação da Apuc