Há 37 anos, investida da Polícia Militar foi a última grande operação do regime militar contra o movimento estudantil. Cerca de 2.000 estudantes participavam de um ato público na PUC-SP, quando começou a operação comandada pelo então secretário Erasmo Dias
A invasão da PUC de São Paulo pela polícia foi considerada por pesquisadores/as presentes na Universidade na noite de 22 de setembro de 1977, como um marco no processo de redemocratização do País, no qual houve confronto dos/as estudantes com as forças do regime militar (1964-1985). O próprio comandante da operação policial, o coronel reformado do Exército Erasmo Dias, chegou a dizer, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, que a invasão se converteu em bandeira do movimento estudantil e da sociedade contra o regime. A investida da PM foi a última grande operação da ditadura militar contra o movimento estudantil - que tinha sido praticamente desmantelado em 1968, com a prisão de seus principais dirigentes no 30º Congresso da UNE, em Ibiúna (SP).
Em 1974, o governo liquida os últimos focos de luta armada e o presidente Ernesto Geisel inicia a distensão. Desaparecem os grupos de esquerda que condenavam a opção por uma oposição institucional ao regime. Entidades da sociedade civil criticam a ditadura, e surgem movimentos em defesa da anistia e contra a carestia.
A mobilização da sociedade civil ganha corpo com a reorganização do movimento estudantil, com a criação do DCE Livre da USP em 1976 e a reconstituição da UEE em 1977.
Em 30 de março daquele ano, 5 mil estudantes da USP fazem uma marcha até o Largo de Pinheiros. Em maio, 10 mil caminham do Largo São Francisco até o Viaduto do Chá, em São Paulo. Com o avanço das manifestações, o governo decide intervir: invade a Faculdade de Direito da USP em junho e, em seguida, a PUC.
A invasão
Por volta das 21h50 daquele dia, cerca de 2 mil estudantes participavam de um ato público em frente ao Tuca, o teatro da universidade, quando foram interrompidos por 3 mil policiais, militares e civis, apoiados por carros blindados.
A tropa lançou bombas e investiu com violência contra os estudantes, que tentaram se refugiar dentro da universidade. Os policiais arrombaram as portas das salas, prendendo e espancando professores/as, funcionários/as e alunos/as. Seis estudantes sofreram queimaduras.
A ação policial resultou na detenção de 854 pessoas, levadas ao Batalhão Tobias de Aguiar, das quais 92 foram fichadas no Deops (Departamento de Ordem Política e Social) e 42 acabaram sendo processadas com base na Lei de Segurança Nacional, acusadas de subversão.
A violência da operação inibiu outras do mesmo gênero -tanto assim que, em maio de 1979, 10 mil estudantes participaram em Salvador do Congresso de Reconstrução da UNE, sem represália da PM. O então governador Antonio Carlos Magalhães, da Arena, cedeu o Centro de Convenções para realizar o evento.
Em nota divulgada nas redes sociais na manhã desta segunda-feira (22/09/2014), a Assessoria de Comunicação da universidade, ao fazer referência à data histórica, ressalta: "Faz 37 anos, mas a PUC-SP não esquece".
Fonte: Assessoria de Comunicação da Apuc com informações da Folha de S. Paulo e da PUC-SP
Foto: Arquivo PUC-SP
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