A União Brasileira de Mulheres (UBM) completou, na última quarta-feira (06/08), 26 anos de existência “com muita alegria e sensação de realização”, a afirma a coordenadora-geral da UBM, professora Lúcia Rincon, também secretária de comunicação da Apuc. Para ela, “o trabalho político das ubemistas nos estados e municípios brasileiros, busca a melhoria de vida das mulheres”. Lúcia acredita que a entidade conquistou o reconhecimento da sociedade nessas quase três décadas no aprofundamento das questões referentes aos direitos e na criação de políticas públicas para o enfrentamento da violência contra a mulher, como a Lei Maria da Penha, o direito á creche e a campanha 180 Eu Ligo para denunciar agressões.
Para Ivânia Pereira, secretária da Mulher Trabalhadora da CTB, “a UBM revolucionou o conceito de feminismo no Brasil entrando em cena com o feminismo emancipacionista, a partir da compreensão marxista da divisão sexual do trabalho, sem deixar de lado as questões específicas das mulheres”. Segundo ela, “as mulheres exigem as mudanças que a sociedade tem que fazer para a construção da igualdade de gênero e foi a UBM que trouxe esse debate através da revolucionária Loreta Valadares e a consolidação desse pensamento se deu no nosso 9º Congresso em junho”.
Lúcia define que “A UBM representa a consolidação das lutas contra o patriarcado e o capitalismo rumo à construção de uma nova sociedade onde homens e mulheres possam viver com respeito aos direitos humanos e à igualdade de gênero. Uma sociedade igualitária, onde todos possam viver em paz e sem discriminações”. A entidade divulgou a Carta às Mulheres Brasileiras como comemoração a seu aniversário, entre as suas principais bandeiras está reeleger a presidenta Dilma.
Leia abaixo a íntegra da Carta às Mulheres Brasileiras:
UBM 26 anos – Se muito vale o já feito, mais vale o que será!
Em 6 de agosto de 1988, mais de 1.200 aguerridas mulheres, delegadas feministas, representantes de entidades populares de todo o Brasil, lideranças emancipacionistas do Oiapoque ao Chuí, reuniam-se na cidade de Salvador e fundavam a União Brasileira de Mulheres (UBM).
Mais de um quarto de século depois, nosso saldo é extremamente positivo: conquistamos uma Constituição Cidadã; resistimos ao neoliberalismo e ajudamos a construir um novo ciclo histórico de transformações para o Brasil, que hoje tem uma mulher na presidência da República.
Desde nosso 25º aniversário, em 2013, foram muitos os feitos das ubemistas pelo país afora: a despeito de todos os entraves, realizamos um vitorioso e prestigiado congresso em Luziânia (GO), em junho último, que nos colocou à altura dos desafios que teremos em diante: reeleger Dilma Rousseff presidenta da República e avançar nas Políticas Públicas para as Mulheres.
Para isso, mais do que nunca, faz-se necessária a mudança na orientação da política macroeconômica do governo, com redução nos juros e fortalecimento do capital produtivo.
Precisamos produzir riqueza e distribuir renda, continuar valorizando o salário mínimo, o trabalho e permanecer investindo nas políticas sociais, pois afetam diretamente — e incidem mais sobre — as mulheres, como já apontamos na Carta às Mulheres Brasileiras. Só assim diminuiremos o fosso que há entre os ricos e pobres e construiremos uma nação socialmente justa, democrática e soberana.
Precisamos continuar avançando no combate à violência contra as mulheres, cujos números brasileiros são ainda alarmantes. O Programa Mulher: Viver Sem Violência é um importante instrumento, e precisa ser implementado em todo o Brasil. A Lei Maria da Penha precisa ser uma realidade, ganhar concretude e ser pactuada pelos três Poderes, nas três esferas, Federal, Estadual e Municipal. Também precisamos avançar no que diz respeito aos direitos sexuais e direitos reprodutivos, sobretudo no que tange à questão do aborto. Infelizmente, hoje sequer nos permissivos legais as brasileiras têm seu direito de escolha respeitado. Isso só será possível com um SUS forte, 100% público, laico e gratuito.
Entretanto, sabemos que quaisquer dessas alterações será muito difícil sem que façamos duas reformas estruturantes no país, umbilicalmente ligadas: a Reforma Política Democrática e a Democratização dos Meios de Comunicação de Massa. Isso porque as mudanças estruturantes passam pelo Congresso Nacional, de composição ainda bastante conservadora (masculina, branca e machista), pois nosso sistema político-eleitoral ainda sofre forte influência do poder econômico. Simultaneamente, todo debate progressista está interditado na sociedade, já que apenas seis famílias detêm o controle de todos os principais veículos de comunicação social do país, entre rádios, TVs, impressos e internet. Ou seja, só com muita mobilização social, conseguiremos realizar as reformas estruturais de que o país precisa e abrir caminho para o país de nossos sonhos.
Neste sentido, avulta a iniciativa de realizar uma Semana Nacional de Mobilização pela Reforma Política, entre 1 e 7 de Setembro de 2014, iniciativa unitária das campanhas do Plebiscito por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político e da Coalização Pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas — da qual a UBM faz parte — com o objetivo de somar esforços pela realização desta reforma central para a democracia brasileira.
No 26º aniversário da UBM, nossa melhor comemoração é intensificar a luta! Vamos às ruas, companheiras! Coletar assinaturas em prol da Reforma Política! Reeleger Dilma e seus aliados nos estados para avançar nas mudanças com mais direitos para as mulheres!
Viva a luta das mulheres brasileiras!
Viva a União Brasileira de Mulheres!
Fonte: Portal da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)