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12.08.2019 Professor Altair Sales BarbosaNesta quarta-feira (14/08), às 9 horas, no Auditório do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás(IHGG - Praça Cívica, Centro de Goiânia), será o lançamento de "O Livro da Terra" - obra de autoria do Professor Altair Sales Barbosa. A presença deverá ser confirmada pelo (62) 98312-8629 (falar com Aluízio). O evento é  promovido pelo Instituto Altair Sales (IAS). A obra literária e científica consegue resumir o trabalho dos pioneiros da história geológica, biológica e geomorfológica do nosso planeta Terra, como Alexandre von Humboldt, Jean-Baptiste de Lamarck, Charles Darwin, Carollus Linneaus, Milutin Milankovitch. 

No "Livro da Terra", o autor buscou redigir em uma linguagem acessível e de forma bastante didática, mas, sem deixar de lado o conteúdo teórico-metodológico de um trabalho científico.
 
Veja, a seguir, o prefácio do livro:
 
O Livro da Terra 

Seguindo as passadas de pioneiros do estudo da história geológica, biológica e geomorfológica do planeta Terra – Alexandre von Humboldt, Jean-Baptiste de Lamarck, Charles Darwin, Carollus Linneaus, Milutin Milankovitch...), o arqueólogo Altair Sales Barbosa, descobridor do Homo cerratensis, segundo expressão do historiador Paulo Bertran, nos brinda mais uma vez com uma obra de título evocador – O Livro da Terra –, escrito em linguagem acessível e de forma bastante didática, sem, contudo, deixar de lado o conteúdo teórico-metodológico de um trabalho científico.

Abordando tópicos que por si só já atraem a curiosidade de pessoas menos avisadas – a Atmosfera, a Hidrosfera, a Litosfera e, principalmente, a Biosfera –, o autor leva o leitor a vaguear no tempo e no espaço do planeta ao contar a sua história desde 4,6 bilhões de anos atrás até o momento presente, o que faz desse livro um autêntico guia para uma viagem fantástica por sobre o nosso planeta e ao mesmo tempo estimula quem o lê a tomar consciência de que, desde o seu surgimento até os dias de hoje, a Terra e suas estruturas geológico-geomorfológicas, biogeográficas, climato-botânicas e antropo-culturais passaram por transformações e evoluções de tal modo intensas – movimentos de placas tectônicas que deram origem aos continentes, surgimento e desaparecimento de mega-faunas e mega-floras e, claro, o aparecimento e evolução do Homo-sapiens –, que é lícito se interrogar sobre a sina a que ela está destinada, se a espécie dita inteligente – nós, os humanos – continuar interferindo no que os especialistas chamam de “perda de integridade da biosfera”. Humboldt há mais de 150 anos já chamava a atenção para os perigos que representam para a Humanidade a modificação do que ele denominou de Naturgemälde (“rede de vida”), ou seja, o meio ambiente visto como um todo interconectado.

Em cada uma das páginas desse Livro da Terra tem-se a sensação de estar sobrevoando os grandes biomas não só do Brasil, mas de todo o planeta. É como se fôssemos testemunhas não só de sua exuberante beleza, mas, sobretudo, dos perigos que o rondam todos os dias. Por esse lado, o livro ultrapassa o conteúdo de livro didático e se mostra também como um minucioso manual de como realmente homem e natureza têm que se entender para evitar que tanto um quanto o outro desapareçam como seres em constante evolução e transformação. Dados de órgãos de pesquisa nacionais (INPE) e internacionais (Fundo Mundial para a Natureza-WWF) mostram há muito tempo que o Brasil é o campeão mundial de desmatamento e de queimadas de seus principais biomas. Queima-se o quê? Queima-se tudo o que ainda está de pé: nossas matas amazônicas e, sobretudo, nosso cerrado, como se não houvesse outras práticas de uso dos recursos naturais e de produção agropecuária que não essas. Ao mostrar as fragilidades dos nossos biomas ante a fúria predadora de pessoas irresponsáveis, o Livro da Terra é também uma alerta contra essa sanha devastadora que pode em pouco tempo transformar em cinzas o que levou bilhões de anos para se formar e se embelezar: a Terra, nossa Mãe Gaia, como assim carinhosamente a chamavam os gregos discípulos de Sócrates, Platão e Aristóteles. Mas, o Professor Altair – o autêntico Andarilho da Claridade (título de um dos seus importantes trabalhos sobre a arqueologia goiana) – nos transmite também esperança quanto ao futuro do nosso planeta, ao aconselhar que para trazer alegria e felicidade aos indivíduos humanos, o uso dos recursos naturais renováveis e não renováveis tem que ser parcimonioso, caso contrário, alerta: enquanto planeta, o homem jamais destruirá a Terra, mas ele pode extinguir a vida do Homo-sepiens-sapiens ao alterar ecossistemas e nichos ecológicos.

O livro é fascinante do começo ao fim, dado que o pesquisador é sem dúvida o autor goiano que melhor sabe traduzir através de mensagens prazerosas de serem lidas o quanto a interação homem-natureza é a fonte de felicidade da espécie humana e da sobrevivência de tudo que a Terra possui de encantamento e beleza – suas paisagens naturais e a vida florística e faunística que ela abriga.

Ao falar do Cerrado, o nosso bioma por excelência – e de sua problemática atual, ou seja, o seu uso intensivo na produção de grãos –, ele toma como exemplo o Oeste Baiano – até recentemente uma das mais belas extensões desse bioma brasileiro ainda intactas: os Gerais, como assim os chamam os que, como ele, nasceram, cresceram e perambularam por aqueles imensos chapadões “imprensados” entre o rio São Francisco e a Serra Geral de Goiás

Para terminar, é minha opinião que, dentre os capítulos desse livro, o que fala da Biosfera – os ecossistemas terrestres – é talvez o mais fascinante de todos, pois, em sua essência, trata-se da história da vida animal e vegetal da Terra, além de ser aquele em que as imagens falam por si mesmas sobre o que foram no passado, e o que são no presente, as espécies vivas de que, como seres humanos, também fazemos parte. Na verdade, este capítulo é, a meu ver, a cereja do bolo desse belo e instigante trabalho do mestre e amigo Altair. Então, como leitor incansável do que ele escreveu e escreve, convido a todos os que amam o nosso planeta a folhear esse livro com incansável ternura.

Goiânia, 23 de novembro de 2018

Prof. Dr. Antônio Teixeira Neto
 
 
 
 
 

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