A Associação dos Professores da PUC Goiás (Apuc) vem a público manifestar sua preocupação com o crescimento da violência e da cultura do ódio, dentro e fora dos muros da Universidade. O cenário atual exige o fortalecimento do diálogo, da democracia, do respeito à diversidade, à liberdade de cátedra e também de expressão. Nesse sentido, é inconcebível a existência de cartas apócrifas circulando na comunidade acadêmica.
No bom exercício da democracia não deve haver espaço para atitudes desrespeitosas e anônimas – sejam verbais ou escritas, como a carta apócrifa que circulou recentemente na Escola Politécnica e de Artes, nas quais Professores e Professoras são chamados por estudantes de “empregados”, sendo que o vínculo empregatício dos/as docentes é com a Sociedade Goiana de Cultura (SGC), mantenedora da PUC Goiás. Assim como a Educação não é mercadoria, o/a aluno/a não é um/a “cliente” que frequenta a Universidade para comprar um produto (“diploma”) sem passar pelo processo de formação.
É vocação das Universidades ser um espaço de confronto de ideias, de diálogo, liberdade de expressão, o que contribui para a formação cidadãos e agentes críticos capazes de colocar o conhecimento a serviço da vida. Nós, educadoras e educadores, temos um papel fundamental para o futuro do País, e isso não deve ser ignorado em nossa prática.
A política, como arte de tomar decisões coletivas ou decisões individuais na arena pública, permeia totalmente a docência. O ofício de ensinar exige a realização de escolhas a todo momento: o que ensinamos, como ensinamos, por que, para quem e para que. Isso envolve o currículo, o conteúdo, os métodos, os objetivos de aprendizagem, a bibliografia, a organização da sala de aula, entre outros aspectos. Por trás da escolha do que é “fundamental” que um/a estudante aprenda, existe uma percepção do que a comunidade política precisa e de como o conteúdo será importante para ela.
Os relacionamentos que o espaço da Universidade cria com as pessoas que não estão no Ensino Superior também revela uma postura política. A PUC Goiás, como instituição comunitária, deve dialogar com a sociedade formando cidadãos com escolhas conscientes de como posicionar-se no mundo.
O espaço da universidade é, desse modo, indissociável de sua natureza política. Se o aprendizado se dá de forma ativa, o exercício democrático da cidadania também deve se dar em sala de aula, na voz que se dá para diferentes atores nas discussões e em todas as atividades acadêmicas.
Nesse sentido, o diálogo no espaço acadêmico torna-se fundamental para romper com violências de gênero, preconceitos e discriminações que ocorrem dentro e fora dos muros da Universidade. A superação desses problemas é um grande desafio coletivo e não é por meio de anonimato que seremos agentes de transformação social.
A Associação dos Professores da PUC Goiás está à disposição de toda a comunidade universitária como espaço de diálogo para a construção de um mundo melhor e menos desigual.