Iniciamos a semana em luto. A morte da professora Elisabete Tenreiro, de 71 anos, a facadas pelas costas por um aluno de 13 anos chocou o País. Elizabeth estava dentro da sala de aula, na Escola Estadual Thomazia Montoro onde lecionava, defendendo a ciência porque acreditava na transformação pela educação e cumprindo sua missão de vida para construir um mundo melhor.
Mas foi agredida pela violência justificada pelas autoridades e pelo fundamentalismo no Brasil nos últimos anos. Nós Professores/as lutamos por superar aquele imaginário, e conseguimos. Hoje temos liberdade que nos encoraja a resgatar, no ato de educar, valores e conceitos que fundamentem uma sociedade de justiça e mais igualdade. Solidariedade, Fraternidade, Partilha, Coletividade, Direitos Humanos e Respeito à Ciência são algumas de nossas ferramentas de construção da sociedade que queremos.
Pois bem, o ambiente escolar apresenta-se violento porque a sociedade brasileira também é. O Brasil é profundamente desigual desde sua origem e o processo de colonização do País foi brutal, com praticamente o extermínio da população indígena e séculos de tradição escravocrata.
Além de sua edificação violenta, o Brasil também perpetuou a brutalidade em seu projeto de País: é um dos que mais mata sua população LGBTQIA+, com altos índices de feminicídio e violência contra a mulher. Possui a terceira maior população carcerária do mundo.
Somam-se a isso o fato de ainda termos sanado atos de violência do próprio Estado, como os praticados durante a ditadura militar ou mesmo assassinatos de lideranças políticas como o da vereadora Marielle Franco, cujo homicídio ainda encontra-se sem solução. Precisamos encarar o desafio de combater a violência dentro e fora das escolas, bem como o racismo, machismo e a LGBTfobia.
Hoje, manifestamos nossa solidariedade à família da Professora Elisabete Terneiro e à toda comunidade da Escola Estadual Thomazia Montoro, mas não podemos nos furtar ao desafio de construir, dentro das salas de aula, um novo Brasil. A escola deve ser um espaço capaz de abrigar a diversidade e assimilar complexidades sociais, o que contempla também a compreensão do contexto social no qual cada instituição está inserida. Nesse sentido, a educação para a cidadania é de suma importância para preservar os direitos das crianças e jovens e, por consequência, fazer com que a escola seja um ambiente de combate à violência.