A Associação dos Professores da PUC Goiás (Apuc) vem a público manifestar seu posicionamento em defesa do respeito, dignidade e valorização dos/as Professores/as da Pontifícia Universidade Católica de Goiás que encontram-se há três anos sem reajuste salarial. Nesse período, enquanto as mensalidades da PUC Goiás aumentaram 19,44% e o INPC registrado no período foi de 22,70%, a Administração Superior da Universidade concedeu à categoria, em junho, retroativo a maio, como antecipação salarial, míseros 6% que mal repõem a inflação de 2019.
Para além da questão salarial, também lutamos pelo reestabelecimento da democracia interna na Universidade que, quando Universidade Católica de Goiás, teve importante papel na resistência à Ditadura Militar contando, na década de 80, com intensa participação política dos movimentos e processos reivindicatórios dos/as professores/as, funcionários/as administrativos e estudantes, possibilitando eleições diretas para Reitor em 1985, a implementação de um Estatuto da Carreira Docente, eleições diretas para Diretor Departamental, licença remunerada para pós-graduação dos docentes e aprovação de acordos coletivos de trabalho, com melhores condições de trabalho e salário, assim como regime de contratação de pessoal mais justo.
Pois bem, desde as vésperas de expirar a vigência do Acordo Coletivo assinado, no ano de 2011, reivindicamos a abertura do diálogo com a Administração Superior da Universidade por diversas vezes. Não obtivemos resposta alguma. Ou seja, desde os tempos do ex-Reitor Wolmir Amado, a Administração Superior da PUC Goiás mantém a intransigência em não negociar com as entidades representativas da categoria docente. Como se não bastasse, para surpresa dos/as docentes, o ex-Reitor ainda se lança nas Eleições 2022 como pré-candidato ao Governo do estado como defensor dos trabalhadores e das trabalhadoras.
A posse do Arcebispo Dom João Justino de Medeiros Silva, Grão Chanceler da Sociedade Goiana de Cultura (SGC), mantenedora da Universidade, trouxe um novo sopro de esperança da escuta das vozes da categoria docente. Infelizmente, o silêncio ainda permanece. No dia 15/06, a Apuc promoveu manifestação em frente à Cúria Metropolitana reivindicando ao Arcebispo, presidente da Sociedade Goiana de Cultura (SCG), que promova o reestabelecimento dos canais de diálogo entre a Administração Superior da PUC Goiás e a categoria docente.
Faz-se necessária também a revisão da formatação da estrutura de mando na PUC Goiás, que não se exerce como serviço à comunidade acadêmica, mas como esforço autorreferente de reforço da própria estrutura de mando. Os Conselhos Universitários Superiores (Conselho Universitário - COU e Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão- CEPE) têm atuado, por vezes, apenas para referendar as decisões do seu presidente, favorecendo a institucionalização da estratégia político-administrativa de manter as decisões unilaterais e centralizadas, formalmente ad referendum desses conselhos e que afeta diretamente a democracia interna na instituição.
Na Pontifícia Universidade Católica de Goiás, instituição à qual dedicam parte significativa de suas vidas, a luta incansável dos professores e das professoras tem sido pelo fortalecimento da construção de um mundo mais fraterno e menos desigual garantindo o acesso a um conhecimento de qualidade e em consonância com os anseios e necessidades da sociedade goiana e brasileira, em consonância com a Campanha da Fraternidade 2022, educação como fundamento da vida, da paz e do desenvolvimento social.
Mas no enfrentamento cotidiano para a manutenção da vida, em sua dimensão concreta e material, a categoria docente sofre os desafios de sobreviver em tempos de inflação galopante e achatamento salarial provocado por três anos sem reajuste, o que torna complexo o viver do próprio trabalho com dignidade: como conquistar o pão de cada dia? A nossa esperança é de que a Administração Superior da PUC Goiás olhe para dentro da Universidade na perspectiva de retomar os caminhos que a solidificou nos anos 80. Assim, na prática diária, poderemos conjuntamente reconstruir um novo pacto para o trabalho que realmente seja capaz de dignificar o ser humano.
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