Universidade autorizou retomada de atividades presenciais nesta semana. Representantes estudantis e de profissionais dizem que falta estrutura adequada para o retorno e temem prejuízos
O possível retorno das aulas presenciais na PUC Goiás está gerando questionamentos entre professores e alunos da instituição. A decisão da PUC dá autonomia para que as faculdades tomem posição sobre a volta. Enquanto as unidades discutem a retomada, representantes de docentes e estudantes dizem temer riscos do ensino presencial e argumentam que falta diálogo da direção com a comunidade universitária.
Assim como no ensino básico, as universidades que optarem pela volta precisam oferecer opção para que os alunos decidam entre as atividades remotas ou presenciais. Entre as unidades da PUC Goiás que já decidiram voltar estão os cursos da área de saúde e a Escola de Engenharia. Para a coordenadora geral do DCE, Larissa Rivelli, a decisão não representa a vontade da maioria dos estudantes.
"Os alunos passaram meses se adaptando ao ensino remoto e agora de repente a Universidade decide voltar com o presencial", disse Larissa, que informou estar recebendo reclamações. "Mesmo que o presencial não seja obrigatório, a preocupação é que os estudantes que não forem para a sala de aula sejam prejudicados pela diferença entre os formatos", completa a representante.
O relato de uma estudante da Escola de Ciências Sociais e Saúde que não quis ser identificada ampara a fala de Larissa. A aluna conta que a unidade decidiu retornar, mas que optou por seguir de casa. Ela diz que os primeiros dias foram de dificuldades. "A internet da PUC não aguentou a demanda e os professores não conseguiram transmitir as aulas de maneira simultânea, disse a estudante, que informou já ter procurado a direção.
"A resposta que obtive foi que o foco agora eram as aulas presenciais, e não na transmissão. O que é incoerente, afinal, mesmo que houvesse adesão em massa o limite do retorno presencial seria de apenas 30%, e os outros 70%?", questiona.
Professores reclamam
Para o presidente da Apuc, João Batista Valverde, falta diálogo entre a direção e a comunidade universitária. "Embora a Apuc reconheça o esforço da Administração Superior da PUC Goiás, discordamos quanto ao processo de decisão interno, que não é participativo", disse o representante dos professores.
"A decisão principal de retorno às atividades presenciais é centralizada e as decisões intermediárias de como preparar o retorno está sendo destinada a cada uma das dez escolas", explicou João Batista Valverde, acrescentando que o processo está excluindo professores e alunos do debate.
O professor Orlando Lisita, do curso de Arquitetura da PUC Goiás, disse que os processos para a volta não são claros. "A reitoria enviou sugestão para que as unidades voltassem o primeiro, segundo e último semestre dos cursos, mas não houve consulta entre alunos e professores", disse.
Outro ponto de preocupação para os professores e alunos é sobre o cumprimento dos protocolos sanitários. O professor Orlando Lisita disse que em alguns campus a falta de ventilação natural é um grave indicativo de risco para a saúde de professores e alunos. "É uma decisão completamente precipitada e faltando menos de um mês para as férias na universidade", destacou ao relembrar que o calendário da instituição prevê o encerramento das aulas no dia 16 de dezembro.
Fonte: Luiz Phillipe Araújo, O Popular