Associação de Professores
da PUC Goiás
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16.08.2017 ato contra o feminicidio e mayara amaralA Apuc assinou, junto com 36 entidades, 41 pessoas e 5 parlamentares, a “Carta de Desagravo - Por justiça a Mayara Amaral e a todas as mulheres vítimas de feminicídio!” lançada durante ato público contra o feminicídio e em defesa da memória de Mayara Amaral realizado na tarde dessa quarta-feira (16/08), no Pátio da Escola de Música e Artes Cênicas da UFG.

A jovem violonista e professora da UFMS, Mayara Amaral, tinha apenas 27 anos e no dia 24/07/2017 seu corpo foi encontrado carbonizado às margens da rodovia MS-080, em Campo Grande (MS). Mestra pela UFG, Mayara abordou a igualdade de gênero na defesa de sua dissertação, que teve como tema as mulheres que compuseram melodias para violão na década de 1970. Durante o mestrado, Mayara morou em Goiânia, mas na época do crime já havia voltado a viver em Campo Grande (MS).

Ela tinha dois trabalhos aprovados para o XXVII Congresso da Anppom (Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música) -  o maior congresso da Área de Música no Brasil -  que acontecerá na Unicamp de 28/08 a 01/09/2017, e havia comemorado a aprovação de seus trabalhos neste congresso. Ela iria apresentar a comunicação de seu artigo “Aspectos idiomáticos do Estudo n. 1 para violão de Esther Scliar”, em co-autoria com Eduardo Meirinhos, como pesquisadora, e, iria fazer sua apresentação artística “A mulher compositora e o violão na década de 1970”, como violonista.

Mayara Amaral era uma dedicada intérprete, pesquisadora e professora em formação, começando a ser reconhecida por seus/eus pares, desenvolvendo importantes e inéditas contribuições para a música e para a pesquisa brasileira. 

O assassinato de Mayara foi considerado uma tragédia coletiva, reafirmando a necessidade de dar visibilidade às notícias sobre o caso, endossando a denúncia do crime que ceifou sua vida – mais um que aumenta as estatísticas de violência contra mulher no País. O último Atlas da Violência do Brasil, de 2014,  apontava que 13 mulheres são assassinadas por dia no Brasil. Mato Grosso do Sul já era, na época, um dos 8 estados brasileiros com taxa de mortalidade por homicídio de mulheres que estavam acima da média nacional (4,6) por grupo de 100 mil mulheres: a taxa desse estado já era de (6,4) em 2014. 

Veja, a seguir, na íntegra, a carta de desagravo: Carta de Desagravo - Por justiça a Mayara Amaral e a todas as mulheres vítimas de feminicídio!

No Brasil, a taxa de feminicídios é de 4,8 para 100 mil mulheres – a quinta maior no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Goiás é o segundo estado brasileiro que mais teve homicídios de mulheres em 2014.O homicídio cometido com requintes de crueldade contra mulheres por motivações de gênero, desde 2015, tornou-se crime hediondo com a promulgação da lei n. 13. 104/2015, a lei do feminicídio. Na legislação, a violência doméstica e familiar e o menosprezo ou discriminação à condição de mulher são descritos como elementos de violência de gênero e integram o crime de feminicídio.

As Diretrizes Nacionais sobre feminicídio, lançado em 2016 pela ONU Mulheres Brasil e o Escritório das Nações Unidas, com o objetivo de incluir a perspectiva de gênero nos processos de investigação e julgamento de crimes de feminicídio, prevê como motivações de crimes baseadas em gênero, o sentimento de posse sobre a mulher, o controle sobre seu corpo, desejo e autonomia; a limitação da sua emancipação profissional, econômica, social ou intelectual; o tratamento da mulher como objeto sexual; e as manifestações de desprezo e ódio pela mulher e por sua condição de gênero.

No final do último mês, a tragédia da morte de Mayara Amaral nos deixou mais uma vez assustadas, indignadas, paralisadas diante de tamanha crueldade, da qual ela foi vítima. Foi o grito de sua irmã, Pauliane, através das redes sociais, que nos sacudiu e nos expôs o que acostumamos a ler nos jornais, quando se trata dos relatos de crimes em que as mulheres são vítimas. O tratamento dado pela imprensa demonstra o quanto o machismo está impregnado nos textos e narrativas jornalísticas.A versão dada pela imprensa colabora para diminuir a culpa do criminoso e desqualificar a vítima, Mayara, quando omitem a palavra estupro, apesar de todas as evidências; quando hiper-sensualizam a imagem de Mayara, para falar sobre o “suspeito” e ainda quando deixam de mostrar o rosto da vítima, quando é para falar da musicista, desumanizando-a.

Tal constatação, infelizmente, demonstra como a imprensa/mídia acaba por corroborar e ser conivente com esta realidade perversa, em que milhares de mulheres têm suas vidas ceifadas.

A violência de gênero está presente nas mídias sociais. Da maneira como é abordada, acaba por se naturalizar no nosso dia-a-dia, nos nossos costumes, jornais, propagandas, e passa despercebida para grande parcela da população e formadores de opinião. A mulher mesmo sendo vítima, é desumanizada.Quando jornais e revistas expõem a vida da vítima de forma parcial, fazendo juízo de valores, estão certamente relativizando a violência sofrida pela mulher, reforçando a separação: de um lado estão as mães, irmãs, mulheres – belas, recatadas e do lar, passíveis de desejo, admiração ou respeito, em contraposição às demais mulheres consideradas objeto, passível de uso, e portanto, fazem por merecer a violência, o ódio, a morte.(sic)

Enquanto os casos de violência contra a mulher forem naturalizados, os conceitos de força, domínio, desejo e submissão entre os sexos irão prevalecer. É preciso desenvolver entre os profissionais da comunicação uma consciência ética, de princípios que transponham e superem a cultura machista que violenta e mata.

Nós da Associação Mulheres na Comunicação, unidas a dezenas de outras instituições não governamentais, que lutam pelo direito à comunicação, pela comunicação de gênero, não-sexista, ratificamos nossos princípios e repudiamos todo o tratamento dado pela mídia que reforça o machismo e naturaliza a violência de gênero e o feminicídio.

Pela memória de Mayara Amaral!

Por justiça a Mayara Amaral e a todas as mulheres vítimas de feminicídio!

Nenhuma a menos!

As queremos vivas!!!!

Geralda Ferraz – Radialista/ Assessora de Comunicação/Esp. Assessoria de Comunicação/Presidente da Associação Mulheres na Comunicação

Assinam:

Entidades: 
1. Coletivo Mayara Amaral
2. Associação Mulheres na Comunicação
3. Rede de Mulheres em Comunicação
4. AMARC - Associação Mundial das Rádios Comunitárias
5. Movimento de Meninos e Meninas de Rua de Goiás / MMMR-GO
6. Sindsaúde-GO
7. Comitê Goiano de Direitos Humanos Dom Tomás Balduíno
8. Frente de Mulheres de Movimentos do Cariri e Mulheres do MAIS
9. CPM/UBM-GO10.
UBM - União Brasileira de Mulheres
11. Faculdade de Informação e Comunicação / UFG
12. Centro Cultural Cara Vídeo
13. Consulta Popular
14. Centro de Estudos Bíblicos – CEBI
15. Centro Cultural Eldorado dos Carajás
16. Movimento Nacional da População de Rua
17. Movimento Camponês Popular
18. Pastoral da Juventude do Meio Popular
19. Irmandade Brasileira Justiça e Paz
20. Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Terra
21. Levante Popular da Juventude
22. Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil
23. Comissão Brasileira de Justiça e Paz – CNBB
24. UNMP25. Central de Movimentos Populares
26. Comissão Pastoral da Terra – Goiás
27. Central Única dos Trabalhadores do Estado de Goiás
28. Rádio Trabalhador
29. Associação dos Professores da PUC – Goiás
30. Grupo Feminista Oficina Mulher
31. ONG Mulher Negra Brasileira Thalita Monteiro Maia
32. SINT-IFESgo – Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação da UFG, IFG, IFGoiano e Ebserh

Pessoas:
1. Geralda da Cunha Teixeira Ferraz – Radialista / Programa Voz da Mulher/AMC
2. Bruna Porto – Filósofa – Programa Voz da Mulher /AMC
3. Ivone Cunha – Arteterapeuta – Programa Voz da Mulher / AMC
4. Michely Coutinho – Sindicalista
5. Mayani Gontijo – Assessora de Comunicação
6. Maria Inês Amarante. Docente da Unila - Foz do Iguaçu
7. Mônica Barcellos Café - assistente social
8. Vilma de Fátima Machado (NDH e PPGIDH/UFG)
9. Dila Resende - Secretaria estadual do PCdoB GO
10. Andre Nascimento - UNEGRIO GO
11. Michele Cunha Franco (FCS e NDH)
12. Maria Ângela De Ambrosis Pinheiro 
13. Joana Abreu Pereira de Oliveira - EMAC-UFG
14. Natássia Duarte Garcia Leite de Oliveira. Professora da UFG/Emac. Assino a carta.
15. Claudia Zanini, Professora da EMAC/UFG
16. Ivone Garcia Barbosa / NEPIEC/FE/UFG
17. Flavia Maria Cruvinel/ Profa. da EMAC/UFG
18. Silvana Rodrigues de Andrade, Profa EMAC/UFG
19. Janira Sodré Miranda, Comissão de Políticas de Igualdade Etnicorracial do IFGoias/ Núcleo de Estudos de Gênero, Raça e Africanidades-NEGRA.
20. Beth Fernandes, presidente da Astral vice presidente do Conselho da Mulher e da CONATRAP
21. Roberto Nunes - jornalista/ Rádio Universitária
22. Denise Viola/ Rio de Janeiro /Radialista /AMARC Brasil
23. Taís Ladeira/ Brasília/ Jornalista / Amarc Brasil
24. Rose Castilhos / Rio Grande do Sul/ Jornalista Ilê Mulher
25. Celia Rodrigues/ Ceará/ Radialista26. Profa. Ana Guiomar Rêgo Souza - Diretora e Presidente do Conselho Diretor da EMac 
27. Carolina Skorupski - Assessora de Comunicação 
28. Dra. Maria Aparecida Alves da Silva - Cida Alves, Psicóloga do Núcleo de Vigilância as Violências e Promoção da Saúde - SMS Goiânia, representante do CRP 09 Goiás e do blog Educar Sem Violência
29. Prof. Magno Medeiros - FIC/NDH
30. Prof. Ricardo Barbosa de Lima - Programa Interdisciplinar de Pós-Graduacão em Direitos Humanos
31. Franscisneide Cunha - Radialista - Diretora dez Programação da Rádio Universitária 
32. Profa. Lucia Rincón- PUC Goiás
33. Profa. Carolina Zafino Isidoro - PUC Goiás
34. Profa. Angelita Lima - Diretora da FIC
35. Profa. Noêmia Félix da Silva – PUC Goiás
36. Wilmar Ferraz - Radialista/ produtor cinematográfico
37. Rosa Rodrigues – Radialista/ Rádio Comunitária Independência – Ceará
38. Laisy Moriere Cândida Assunção – Secretária Nacional de Mulheres do Partido dos Trabalhadores
39. Celso Araújo Filho – Terapeuta Holístico
40. Renata Linhares - ESEFFEGO /UEG e Professora da SME
41. Ionara Vieira Moura Rabelo, Presidenta Conselho Regional de Psicologia e Profa Regional Goiás/ UFG

Parlamentares:
1. Adriana Accorsi – Deputada Estadual – PT/GO
2. Isaura Lemos - PC do B/GO
3. Jandira Feghali - Deputada Federal – PC do B/RJ
4. Jean Wyllys – Deputado Federal – Psol/RJ
5. Vanessa Grazziotin - Senadora - PC do B/AM

Fonte: Assessoria de Comunicação da Apuc


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