Associação de Professores
da PUC Goiás
apuc 40 anos 3

Discurso do professor Ivo Mauri, primeiro presidente da Apuc, na festa de comemoração do Dia Internacional do Trabalhador, em 30 de abril de 2010, ocasião em que foram homenageados/as os sócios fundadores/as da Entidade.

 

               “Inicialmente fico muito grato pelo convite para a comemoração dos 32 anos da nossa Associação de Professores da Universidade Católica de Goiás (lembrando que o P de APUC é P de professores), tendo esta como objetivo homenagear os professores fundadores desta Associação presentes na assembléia de sua criação.
              Desnecessário é, neste momento, sem delongas, relembrar os nossos primeiros passos, que seu nascimento se deu em plena vigência do golpe militar de 1964 quando tivemos a oportunidade e alegria de realizar vários eventos com personalidades como Darcy Ribeiro, Oscar Niemayer, Paul Singer e outros para refletir aquele momento histórico; bem como a censura interna na UCG não nos oferecendo espaço fisico para o funcionamento dessa Associação. Registro também as conquistas asseguradas nestes 32 anos, em momentos de intensa movimentação e participação dos professores e que a APUC presta hoje justa e merecida homenagem a todos os professores fundadores. Meus cumprimentos e parabéns à direção da APUC pela iniciativa.
              Hoje, contudo, vivemos outros tempos não menos difíceis que, como antes, podem nos levar a refletir sobre o discurso de participação e abertura no interior da Instituição passando à coletividade uma imagem de crescimento e desempenho que não sintonizam com a realidade econômico-financeira e inclusive com a qualidade do ensino. Nesse momento já se respira um ar de desencanto quanto aos desafios que se apresentam na condução da Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Temos fortes sinais de perda de qualidade no campo da competência e dos valores éticos que muito tem empobrecido a nossa Instituição.
              Minha trajetória por esta Universidade levou-me a conhecê-la muito de perto, pois desempenhei funções em todos os seus níveis: Professor, Reitor, Chefe de Gabinete do Reitor, Secretário Executivo da Mantenedora, Diretor de Departamento, Coordenador da Pastoral Universitária, Assessor de Comunicação, Coordenador de múltiplas ações, Programas, Projetos e Fundador e 1º Presidente eleito desta Associação...
              Vejo aqui neste ato comemorativo companheiros daquele primeiro momento quando fui eleito 1º presidente desta entidade de professores e agora, professor demitido sumariamente através de convocação por cartório num acordo em que a direção anterior a esta gestão negociou a demissão sem justa causa, por idade tendo como referência os 70 anos. A propósito deste acordo, quero afirmar com toda a convicção que este episódio constituiu-se na página negra da história da nossa associação e também da própria Universidade e deve ser resgatado em respeito aos relevantes serviços prestados à Instituição por inúmeros professores qualificados e de reconhecido valor. Entretanto, reconheço e respeito a decisão de um número expressivo de professores com 70 anos ou mais, que sem outra alternativa solicitaram sua rescisão de contrato através do Programa de Demissão Voluntária. A Instituição, com certeza, perdeu um contingente significativo de talentosos e experientes professores nesse episódio, sem sequer uma avaliação de desempenho profissional e ético para saber de sua disposição, de sua expectativa de permanência na Instituição. No entanto, ainda assim, sou grato pelas oportunidades proporcionadas a mim por esta Instituição onde permaneci por 37 anos ininterruptos e afirmar que ainda pertenço a esta Universidade na qualidade de membro do Conselho de ex-reitores, criado por esta administração no dia de sua posse.
              Não poderia neste momento deixar de registrar a participação decisiva do fundador desta Instituição, o Arcebispo Dom Fernando Gomes dos Santos, que me trouxe para Goiânia na condição de sacerdote e companheiro em todos os passos desta caminhada.
              Quero novamente agradecer a esta gestão a delicadeza e lembrança do convite para este evento. .
             
              De coração! Muito obrigado!
              Finalmente, se me permitem um momento de bom humor, de alegria, de satisfação, vou ler uma lenda do povo balinense que consta da Introdução da obra de Anselmo Grün intitulada "A Sublime Arte de envelhecer".
              Conta-se que numa aldeia longínqua das montanhas um povo costumava sacrificar um velho e comê-lo. Chegou o dia em quenão sobrou mais nenhum velho, e as tradições se perderam.
              Queriam construir uma bela casa para as reuniões de seu conselho, mas quando viram os troncos que haviam sido cortados para este fim, ninguém sabia dizer o que ficava em cima e o que ficava em baixo: se as vigas fossem colocadas de forma errada, surgiria toda uma série de fatalidades. Um jovem disse que poderia encontrar a solução, se prometessem não mais comer homens velhos. Prometeram. Trouxe a eles seu avô, que havia escondido por muito tempo. E o velho ensinou à comunidade como distinguir o que ficava em cima do que ficava em baixo.
 
UM ABRAÇO A TODOS

 

 

 

 


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