Associação de Professores
da PUC Goiás
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A palestra "Emoções e hormônios: cuidando de nós mesmas?" proferida pela médica ginecologista e fitoterapeuta, Lívia Martins Carneiro, marcou as comemorações da Apuc alusivas ao Dia Internacional da Mulher. O evento, que ocorreu no dia 21 de março pela manhã, no auditório da Área IV da PUC Goiás, foi  organizado pela  Apuc e conduzido pela presidente da entidade, professora Lúcia Rincón, pela diretora de cultura, professora Maria Ximena Vázquez Fernandez e pela coordenadora do núcleo de gênero, professora doutora,  Eline Jonas. 
 

Durante a atividade, a palestrante expôs as influências do ciclo hormonal na vida da mulher e a importância do autoconhecimento para a superação das desigualdades de gênero com respeito às diferenças humanas e aos ritmos biológicos. Na avaliação da médica Lívia Carneiro, falta espaço relacional na sociedade contemporânea para que as mulheres compartilhem suas experiências sobre a complexidade de ser mulher.
 

“O nosso corpo é muito poderoso porque pode gerar vidas e nutrir seres humanos. Tem que haver um empoderamento maior desse corpo”, pontuou a médica, questionando ainda o fato de muitas mulheres serem subservientes ao desejo masculino, não assumindo a própria sexualidade. Lívia Carneiro também respondeu dúvidas da platéia relacionadas ao uso de contraceptivos; interrupção da menstruação e prevenção de câncer.

 
Leia, a seguir, breve entrevista concedida pela ginelogista Lívia Carneiro com exclusividade ao Site da Apuc:
 
 
Na palestra, a senhora ressaltou a importância do empoderamento do corpo da mulher. Pela primeira vez vivemos um momento diferente com uma mulher presidenta no País, após várias terem assumido a presidência de outros países. Nesse contexto, a mulher avança em diversas esferas de Poder, mas se distancia do empoderamento de seu próprio organismo?

 
O avanço das mulheres é inegável e, graças a Deus, avançamos muito. Se formos pensar, na geração de trinta anos atrás, as questões de gênero significavam muito mais complicações na vida da mulher. Hoje precisamos ajustar essas questões e reforçar aspectos na mulher que são também de falar dessa perspectiva do cuidar de si mesma, de ter postura  de mais respeito em relação ao seu próprio corpo, de mais dignidade, de honrar mais os seus ciclos e os seus ritmos biológicos.
 

Nas exigências do cotidiano, a mulher tem desrespeitado esses fatores para atender às demandas do mundo lá fora. Se a mulher amanheceu com cólicas e tem de estar presente em uma reunião às sete horas da manhã, ela fica desesperada e acaba procurando um profissional para abolir totalmente aquela cólica que pode impedir que ela esteja presente no seu local de trabalho. Deveríamos ter mais respeito por isso e lutar para que a própria sociedade e a Constituição Brasileira reconhecessem que, nós mulheres podemos precisar ficar  um dia por mês que em casa, sem justificativas médicas, apenas  porque a nossa menstruação solicitou e sentimos naquela data que não estávamos bem. Esse é um direito que temos de lutar para que seja um direito constitucional: o respeito pelo desenvolvimento pleno da nossa fisiologia.

 
Na sua avaliação, como as professoras podem contribuir para que essas mudanças sejam feitas na sociedade?
 
Acredito que abrindo a conversa com os/as alunos/as. O que eu sinto hoje é que não existe um espaço. A mídia não discute essas questões e só considera outros aspectos que acabam tornando o corpo feminino mais um instrumento de produzir prazer ao homem. E  não sob o olhar do corpo feminino que está amadurecendo e se posicionando para viver plenamente a sua sexualidade com prazer, com alegria, de forma companheira e mas, de forma serviçal.

 
O que assistimos hoje nos meios de comunicação tem sido muito em função disso. Os/as professores/as na sala de aula tinham que estar debatendo mais porque sabemos que a televisão hoje é  um instrumento de educação da nossa população. A televisão é professora e a internet também. O/a professor/a na sala de aula tem que captar essa mensagem negativa que está sendo passada e trazê-la para essa reflexão. Acho que aí  já estaria fazendo uma grande contribuição quando trouxesse para reflexão algumas questões que ele/a captou na novela, no big brother, na internet. O que naquele cenário estava desvalorizando a mulher, sua sexualidade e do ser humano também. `As vezes o aspecto transcende o corpo feminino e fica uma sexualidade de forma geral, um sexualidade sem compromisso, uma sexualidade vulgar - que não está fazendo bem para a nossa sociedade.

 
Em sua palestra, a senhora pontuou que falta do espaço relacional desde a primeira menstruação. Na sua opinião, como a sociedade pode reverter esse processo?
 
Volto para as escolas novamente, principalmente para as do primeiro grau porque é onde acontece a menarca. Deveriam ter  professoras habilitadas para abrir um espaço de compartilhamento dessa experiência entre elas (professoras e alunas) porque, na verdade, uma mulher ensina muito para outra mulher. Se falamos dos nossos sintomas de TPM para outra mulher, ela terá uma escuta ótima também está sentindo; assim como os sintomas da menopausa, ou mesmo os sintomas da gravidez. Quem está vivenciando a questão é quem vai dar o melhor feedback.

 
Se a escola abrisse um espaço para essa troca relacional  com uma pessoa mais madura para monitorar, instruir e marcar um posicionamento que seja enriquecedor para aquela menina, proporcionaria assim um ambiente de debate maravilhoso. As Igrejas, por meio dos grupos de jovens, também poderiam constituir um espaço para discussão e a própria família que - talvez não seja um espaço de compartilhamento de muitas jovens juntas - mas na discussão com a mãe, o pai, os avós, essa menina também teria um momento para ver a importância desse aspecto na sua própria vida.

 
Qual mensagem a senhora deixa para as professoras e professores da PUC Goiás?
 
A mensagem que eu deixo é exatamente de abrir a atenção para esse aspecto porque estamos vivendo um momento de degeneração dessas relações. Vemos muitos pais dizerem que perderam o controle sobre a sexualidade dos/as filhos/as, perderam o controle em relação ao uso de drogas e toda essa desestruturação está relacionada com a questão da família. É o seio da família que está todo desmembrado. É muito importante a Universidade - como instituição de formação, não só de formação técnica e objetiva, mas também de formação mais ligada aos aspectos morais e espirituais - crie espaços de discussão entre as próprias famílias e os/as estudantes. Hoje  vários terapeutas já estão discutindo a importância do alinhamento ancestral na vivência psicoemocional dos jovens.


Fonte: Assessoria de Comunicação da Apuc
 
 


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