Associação de Professores
da PUC Goiás
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Jardim do Meu País, de Asas de Aquarela, banda das irmãs Amábile Bornacci e Amanda Mushroom, traz na letra e nas imagens do clipe questionamentos e sugerem luta “até a rua ficar coberta de sonhos, até que os poderes caiam de podres”. 

O clipe e a música, Jardim do Meu País, da banda Asas de Aquarela,  foram lançados  neste mês de setembro no canal no Youtube das irmãs, cantoras e compositoras Amábile Bornacci e Amanda Mushroom. O conteúdo audiovisual expõe problemas sociais e políticos do Brasil e sugere que a sociedade se una e lute por melhorias. Para conferir, basta digitar no site “Jardim do Meu País – Asas de Aquarela”: https://www.youtube.com/watch?v=8U8SaSVYgRA (ou clique aqui) O trabalho feito de forma independente, com recursos próprios e doações, contou com a colaboração voluntária de amigos/as e familiares das artistas, que trabalharam na figuração e auxiliaram na produção, além de alunos/as, atores e professores/as de teatro que atuaram de forma não remunerada. Todos se juntaram ao projeto com o objetivo de contribuir com a reflexão em torno da grave crise moral e política pela qual atravessa o Brasil, tendo como fonte de inspiração a arte, “pela poesia no poder”, afim de estimular a continuidade da luta da população para a manutenção de suas conquistas históricas e preservação do Estado Democrático de Direito.

 

A letra, escrita por Amábile durante as manifestações de junho de 2013, e a melodia composta em parceria com Amanda, foram gravadas este ano, em São Carlos, onde Amábile reside, no estúdio dos músicos Luciano Matuck, Danilo Zanite e Renato de Sá, que também foram instrumentistas na faixa. O clipe foi produzido em seguida, com imagens gravadas em Brasília e a maior parte das cenas realizadas em Goiânia, cidade natal das cantoras. 

As irmãs, com a participação do pai, o professor da PUC Goiás, Julio Nascimento, fizeram o roteiro, no qual uma manifestação popular almeja tirar do poder políticos corruptos que jogam no lixo a Constituição, “engavetam” e anulam temas como saúde, educação, cultura, direitos trabalhistas, dentre outros e, desta forma, destroem o “jardim”, metafórico, do país. Atuaram, de forma voluntária, no papel de políticos, atores/as experientes e reconhecidos/as no estado de Goiás como Lina Reston e Adriana Brito, esta da Cia. Nu Escuro, que foram professoras de teatro das cantoras, assim como Andreane Lima, Iuri Vaz e João Damasio, que foram seus colegas.  

Nilton Rodrigues, que dirigiu Amábile e Amanda em um musical, de Hugo Zorzetti, participa como um personagem inspirado no filósofo grego Diógenes de Sínope, crítico da ordem social da época, acreditava que as ações das pessoas tinham mais valor do que seus discursos. Diógenes se desapegou dos bens materiais e andava como um mendigo pelas ruas de Atenas à luz do dia, carregando uma lanterna, dizendo estar procurando um cidadão honesto. Como a filosofia grega é um dos berços do pensamento ocidental, os autores do roteiro resolveram apresentar uma personagem semelhante ao filósofo, analisando e julgando a sociedade como um todo (tanto cidadãos comuns, quanto os políticos). 

No clipe de Jardim do Meu País, flores despetaladas, pisadas e arrancadas pelos políticos são representações de leis, projetos e pessoas que são arrasados por atitudes dos governantes. Portanto, a letra e o vídeo trazem a perspectiva de que se a população, os movimentos sociais com todas as suas diferenças, se unirem, como diz no refrão “de mãos dadas com a minha TRIBO vou plantar flores no Brasil”, conseguirão fazer com que a rua fique “coberta de sonhos” e “os poderes caiam de podres”. Ou seja, que o que não está dando certo, está defasado e não atende os interesses da sociedade seja retirado. A imagem do Congresso Nacional pegando fogo, filmada aproveitando a chama da Pira da Pátria, simboliza a queima de tudo que é danoso, para que novas esperanças brotem no país. E finalmente, com o poder nas mãos farão com que o progresso esteja à serviço de colocar “a dignidade do meu povo em ordem”. 

TRIBO, na música, faz referência à grupos sociais e também às causas indígenas, que tanto precisam de apoio. O trecho da letra “Rosas colorindo as mentes, Margaridas nas ruas, Girassóis nas leis” utiliza nomes de flores para fazer referência à mulheres de luta, como Rosa de Luxemburgo, a Marcha das Margaridas, dentre outras, que no clipe tem imagens apresentadas, como Dandara, guerreira e mulher de Zumbi dos Palmares e Tereza de Benguela, outra histórica líder quilombola. As flores são personificadas e também trazem a imagem que Amábile, autora da letra viu durante uma manifestação em São Paulo, em 2013, em que as pessoas levavam muitas flores, fazendo alusão à música de Geraldo Vandré, Pra Não Dizer que Não Falei das Flores e à Primavera Árabe, que em anos anteriores ocasionou uma onda de protestos no Oriente Médio. 

Minibiografia e breve currículo 

As irmãs, Amábile Borges Nascimento (27 anos) e Amanda Borges Nascimento (20 anos), nasceram na cidade de Goiânia, capital do estado de Goiás e são filhas de Julio Nascimento, professor universitário e cineasta, e Maria Elza Borges, psicóloga e artista plástica. Ambas fazem canto popular e erudito desde criança com a professora Denise Felipe, da Universidade  Federal de Goiás. Amábile tem 18 anos de estudos e prática na área e Amanda 16 anos. As duas também ingressaram no curso de teatro profissional no Centro de Educação Profissional em Artes Basileu França e atuaram em grupos profissionais de teatro, como o Teatro Exercício. As artistas ainda estudaram dança e realizaram apresentações nesta modalidade. 

Sobre a banda

Amábile Bornacci e Amanda Mushroom compõe desde a adolescência, mas só começaram a gravar suas composições este ano, em São Carlos, São Paulo, de forma independente. 

 Os artistas e estilos musicais que influenciam o trabalho de Asas de Aquarela são variados: rock clássico, pop rock, indie, música clássica, música eletrônica, música indígena, MPB, bossa nova, jazz, samba, etc. Por esse motivo as irmãs preferem não definir um estilo musical para se enquadrarem, pois preferem se sentirem livres para criarem, sem se limitarem a uma classificação. 

Amanda e Amábile fizeram aulas de piano, no entanto, Amanda se firmou mais nos estudos e utiliza o instrumento para compor e acompanhar. Amábile prefere fazer as melodias no violão ou à capela. 

Porquê o nome Asas de Aquarela?

Quando crianças a mãe das cantoras lia o livro A menina e o pássaro encantado,de Rubem Alves, que tem belas ilustrações e conta a história da amizade entre uma criança e um pássaro, que quando se ausenta, causa saudades e sofrimento na amiga. Diante da situação, a menina reflete sobre o dilema entre a liberdade que todos devem conferir a quem se ama e o sofrimento da separação, mesmo que momentânea. 

A obra poética e filosófica inspirou as irmãs a fazerem uma tatuagem em suas costas com o mesmo desenho de um pássaro, composto por figuras de partituras musicais e preenchido com aquarela colorida. As tatoos  homenageiam a família e são um símbolo de união entre Amábile e Amanda. O nome Asas de Aquarela, além de remeter à tatuagem também representa o alçar voo, a liberdade e o crescimento por meio da arte. 

Fonte: Assessoria de Comunicação da Apuc com informações da Banda Asas de Aquarela


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